Anemias, mal comum entre crianças e gestantes

Anemia é um termo genérico que dá nome a um conjunto de "estados" que tem em comum uma redução na quantidade de hemoglobina no sangue, segundo definição da OMS. Utilizei o termo "ESTADO" porque na verdade anemia não é a doença propriamente dita, ela é um estado decorrente de algumas doenças, que são as causas das anemias. A hemoglobina é uma proteína que encontra-se no interior dos glóbulos vermelhos, os eritrócitos, e com essa baixa tem prejuízo no transporte de Oxigênio para os tecidos. Essa diminuição na quantidade de hemoglobina pode apresentar graus variáveis, de acordo com a causa, e também pode apresentar quadros clínicos diferentes, desde mais amenos até mais graves.

As anemias podem ocorrer devido:

> deficiência de produção, sem causa aparente, como nas anemias aplásticas;

> deficiência de substâncias na dieta alimentar, também chamadas de carenciais, como por exemplo, as anemias por deficiência de ferro, vitamina B12 e/ou ácido fólico. Estas também podem estar associadas a parasitismos intestinais;

> por destruição dos glóbulos vermelhos dentro do organismo, como na AHAI (anemia hemolítica auto-imune);

> perda de sangue devido alguma hemorragia, seja aguda ou crônica;

> produção de hemoglobina anormal, devido algum fator genético, como na anemia falciforme.

As anemias constituem o problema carencial de maior magnitude em todo o mundo, tendo o segmento materno-infantil como principal grupo biológico afetado, e por isso, a faixa populacional de interesse prioritário em termos de políticas públicas de saúde.

No Brasil não existe ainda, uma avaliação consistente sobre as dimensões do problema, mas em alguns estudos realizados em estados isolados, como na Paraíba, Pernambuco e São Paulo, no início dos anos 2000 chegaram a concluir que de 40 a 50% das crianças menores de 5 anos são portadores de anemia, e de 30 a 40% em gestantes, sem distinção de macro-regiões, porém bem delineadas pela desnutrição energético-protéica relacionada diretamente a linha da pobreza (FILHO, M. B., Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 4 (2): 121-123, abr. / jun., 2004; VIEIRA, Regina Coeli da Silva. Prevalence and risk factors associated with anemia in children of the State of Alagoas, Brazil.. 2007. 72 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) - Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2007).

Em alagoas não é muito diferente, uma vez que é um dos estados mais pobres da nação, atrelado a um conjunto de problemas sociais, com uma distribuição de renda das mais desiguais, problemas de saneamento básico precário e alto índice de analfabetismo.

Como medidas preventivas podemos elencar uma dieta balanceada de alimentos ricos em ferro e vitaminas do complexo B em geral, como carnes, ovo, verduras e legumes, como o feijão. Por se tratar de um problema endemico no país, o governo tomou como medida coletiva, oficializada pelo Ministério da Saúde e Agricultura, a obrigatoriedade das indústrias alimentícias adicionarem compostos de ferro nas farinhas de trigo e milho, que são comercializadas em território nacional, ao mesmo tempo que incrementou o uso de ferro medicamentoso na rede básica de atenção à saúde, tendo como grupos referenciais as crianças e as gestantes que demandam os serviços assistenciais.

Os principais sintomas são dificuldade de respirar, tontura, palidez, dor de cabeça, dor no peito, frio nos pés e nas mãos, fraqueza, peles e mucosas ressecadas. Nas anemias que envolvem destruição celular temos ainda a icterícia, que é um sintoma muito relevante na avaliação clínica.

A anemia é facilmente detectada em um simples exame de Hemograma, porém o diagnóstico preciso da causa da anemia necessita de outros exames complementares, como dosagem de ferro, vitamina B12 e/ou ácido fólico, ou ainda exames mais específcos como contagem de reticulócitos, eletroforese de hemoglobina, teste de G-6-PD, Curva de fragilidade osmótica, além de outros.

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