Perguntas e Respostas Esclarecedoras sobre o Exame de Citologia Oncótica
- Humberto Medeiros - Farmacêutico-Bioquímico
- 8 de jul. de 2016
- 6 min de leitura
O exame de Citologia Oncótica, ou Citopatológico de Papanicolaou é um exame relativamente simples, de fácil obtenção da amostra, barato e que tem uma alta eficácia na prevenção de doenças neoplásicas do aparelho genital feminino. Na verdade, esta investigação de enfermidades neoplásicas é o principal objetivo da realização da citologia, porém, este mesmo exame é capaz de identificar uma série de outras doenças, benignas, inflamatórias e infecciosas, trazendo consigo um poder efetivo no diagnóstico dessas doenças, contribuindo para o tratamento das mesmas, e melhorando a saúde das mulheres em geral.
E pensando nisto, resolvemos escrever este artigo em forma de entrevista, com as perguntas que a maioria das mulheres realiza em fóruns de saúde, acerca da Citologia e das doenças a ela relacionadas, com suas respostas, esclarecendo-as.

O que é a Citologia Oncótica?
É um exame preventivo de doenças neoplásicas do Aparelho Genital Feminino, mais especificamente do canal formado pela vagina até o colo do útero. Chamamos este exame de preventivo, porque se o mesmo for feito de acordo com a orientação adequada, nos prazos determinados, pelo acompanhamento médico, ele é capaz de detectar as alterações logo no início, sendo possível o tratamento, com alto percentual de cura.
Mas ele só detecta as doenças cancerígenas?
Não, as doenças cancerígenas e suas lesões pré-neoplásicas (NIC) associadas ao HPV (Papiloma Vírus Humano), são o principal objetivo de se fazer a citologia, porém através dela também é possível se fazer o diagnóstico de várias outras enfermidades, principalmente as infecções que mais acometem as mulheres, como a Vaginose bacteriana, causada pela Gardnerella vaginalis e/ou Mobiluncus, a Candidíase, pela Candida albicans, e a Tricomoníase, pelo Trichomonas vaginalis, além de outras menos comuns como Herpes e Clamídia. Então, o objetivo principal são as lesões cancerígenas, e secundariamente as outras doenças benignas. Apesar de todas essas enfermidades serem possíveis de diagnóstico através da citologia, este exame também tem as suas limitações, que podem levar a necessidade de outros exames para chegar à conclusão diagnóstica.

Quem precisa fazer o exame de Citologia?
Todas as mulheres adultas, que tenha vida sexual ativa ou não. De acordo com o acompanhamento do ginecologista.
Quando deve-se fazer este exame?
Ele pode ser feito de forma preventiva a cada 3 anos, ou a critério clínico, quando necessário, principalmente se a paciente tem sinais e sintomas de DST’s.
Quais são os sinais e sintomas relacionados?
Os sinais e sintomas das infecções cérvico-vaginais são diversificados, como prurido, dor, ardor, disúria, dispareunia, acompanhados ou não de corrimento ou fluxo, de várias consistências e cores, com ou sem odor.

Como é feito este exame?
Ele é feito através de uma coleta de células do colo do útero e parede da vagina, que serão analisadas através de microscopia no Laboratório.
Esta coleta causa dor?
Não causa dor. Na verdade, uma parte das mulheres relata um desconforto no ato da introdução do espéculo. Especialistas afirmam que a maior parte deste desconforto é causado pelo nervosismo e constrangimento da paciente, que contrai os músculos da região pélvica. Ou seja, uma boa orientação conscientizando da necessidade do exame, e associada a um relaxamento no momento do exame deve resolver este problema.

Pra fazer este exame é só ir ao Laboratório e será realizado no mesmo dia?
Este exame não pode ser realizado de imediato, no dia em que for ao laboratório. Quando for realizar este exame, primeiro tem que entrar em contato com o laboratório pra agendar o dia e horário, e receber as orientações sobre o preparo necessário. Normalmente são necessários 3 dias de abstinência sexual nos dias anteriores, e pode fazer a higiene normal no dia do exame.
Existem fatores de risco para estas doenças?
Sim, são vários fatores de risco associados às doenças do canal cérvico-vaginal.
São eles:
Fisiológicos: gestação, parto, menstruação, menopausa;
Doenças e Drogas: alterações hormonais, diabetes, distúrbios metabólicos, erosão, infecções, antibióticos e anticoncepcionais;
Fatores locais: cirurgia, diafragma, dispositivo intra-uterino(DIU), ducha vaginal e trauma.
O que é Metaplasia Escamosa?
Vou precisar de mais tempo pra explicar, e atenção pra que entendam bem. Vamos lá: O colo do útero se localiza no final do canal vaginal. O epitélio que reveste a superfície do canal vaginal e a superfície externa do colo do útero é do mesmo tipo: epitélio escamoso estratificado, ou seja, um epitélio constituído por células semelhantes a escamas, por isso ESCAMOSO, e organizadas em camadas sobrepostas, assim ESTRATIFICADAS. O útero tem um canal que liga o seu interior à vagina, este é o canal Endocervical ou Endocérvice. O epitélio que reveste-o é o Epitélio Glandular Endocervical, do tipo Colunar Simples, tem apenas uma camada, SIMPLES, onde as células se agrupam uma ao lado da outra formando uma COLUNA. Por isso, este é muito mais delicado que o outro que reveste a superfície externa, o Ectocérvice, que é bem mais espesso, por ter várias camadas. Abaixo desta camada epitelial, temos uma camada basal de células de reserva. No ponto onde estes epitélios se encontram é chamado de Zona Escamo-colunar, ou Zona de transformação, devido a um processo fisiológico que aí ocorre com a hiperplasia das células de reserva, que transformam-se em células escamosas. É neste ponto que acontece a maioria das mudanças que levam a uma neoplasia. Esse processo que converte um tipo de epitélio em outro é conhecido como METAPLASIA. Neste caso, METAPLASIA ESCAMOSA.
O processo de Metaplasia Escamosa ocorre em condições onde as células de reserva sejam estimuladas de alguma forma, como por exemplo, pela ação de pH vaginal ácido ou pela ação de microorganismos, como bactérias, protozoários e vírus.

O que é ASCUS, ASC-H e AGUS?
ASCUS é um termo originado da sigla em inglês que define esta condição: Atipia Cervical Escamosa Indeterminada. É uma condição onde são encontradas células que apresentam alterações, Atipias, porém estas não estão bem definidas para serem classificadas como uma Lesão Intraepitelial. É uma alteração entre o NORMAL e o PATOLÓGICO, já bem definido, do ponto de vista morfológico.
Se esta indefinição ocorre em células superficiais ou intermediárias do epitélio escamoso temos um ASC-US. Se a indefinição acontece com células das camadas mais profundas do mesmo epitélio temos um ASC-H.
Quando temos esta indefinição entre o NORMAL e o PATOLÓGICO, e o tipo de célula em questão é uma célula glandular endocervical, definimos como um AGUS.
O que é LSIL e HSIL?
São as siglas dos termos em inglês que se referem as Lesões Intraepiteliais de Baixo Grau e Lesões Intraepiteliais de Alto Grau, respectivamente. São atipias já bem definidas que acometem o epitélio escamoso do colo uterino, ou Cérvice. Estas lesões estão restritas ao epitélio, não havendo invasão dos tecidos abaixo do epitélio. As lesões são definidas como de BAIXO GRAU quando, no esfregaço feito com o material coletado, as alterações são observadas em células da camada superficial do epitélio (células superficiais e intermediárias). As lesões são consideradas de ALTO GRAU quando as alterações são observadas em células das camadas profundas (parabasais e basais) e metaplásicas.
O que é CARCINOMA IN SITU?
Quando temos Células atípicas ocupando TODAS as camadas do epitélio, e estas células são como as das camadas mais profundas, do tipo basal, definimos como Carcinoma In Situ.
O que é Carcinoma Escamoso Invasor?
Quando o epitélio escamoso está todo tomado por células neoplásicas, atípicas, e esta proliferação celular não é contida, e rompe as camadas basais, penetrando nos tecidos subjacentes definimos como CARCINOMA ESCAMOSO INVASOR.
O que é Adenocarcinoma In Situ?
No epitélio glandular endocervical também encontramos as alterações, atipias, já bem definidas, porém restritas ao tecido epitelial. Nesta situação chamamos de Adenocarcinoma In Situ. É a mesma coisa do Carcinoma, só que em tecido glandular.
O que é Adenocarcinoma Endocervical Invasor?
Como vimos na resposta da pergunta anterior, conseguimos inferir que é a mesma coisa do Carcinoma invasor, porém, as células neoplásicas alteradas, que invadem o epitélio abaixo da camada basal, são Células Glandulares Endocervicais.
Estas foram as principais perguntas relacionadas ao Tema “Citologia Oncótica”.
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